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Confiança na Terapia

A terapia é um processo complexo, intenso e íntimo, no qual o paciente expõe suas angústias, suas falhas e seus medos. Durante anos, ele é capaz de esconder o que sente até de si mesmo, tamanho o receio de enfrentar as consequências da tomada de consciência de seus atos. Como se abrir com quem está do outro lado, o terapeuta, se não houver confiança?
Estamos falando da confiança de que o terapeuta estará lá para ouvir, compreender, acolher e, principalmente, não julgar e zelar pela confidencialidade do que for dito. Ainda que esta confiança seja conquistada com o passar das sessões, o profissional deverá garantir que tudo o que for feito e dito com relação ao paciente seja em função de oferecer um espaço seguro para que ele possa ser quem é, desde um espaço seguro para as sessões até o silêncio para que o paciente possa surgir.
Pode ser angustiante conhecer uma pessoa e contar a ela seus segredos mais dolorosos, suas opiniões mais cruéis acerca de si mesmo, mas é importante dizer que o psicólogo tem prática e estudos para ouvir sem julgar e para manter o sigilo sobre suas questões. Caso o paciente se sinta julgado em algum momento, é importante que sinalize para o profissional, para que este possa esclarecer o caminho terapêutico que tem traçado.
A partir do momento em que o paciente passa a confiar no terapeuta, o processo tende a transcorrer de forma mais fluida e até mais rápida, em algumas situações. Isto porquê o paciente não estará mais sozinho na busca por compreender sua existência. Haverá alguém que caminhará a seu lado para iluminar o que precisar ser iluminado, e não haverá a necessidade de esconder ou proteger as áreas sombrias do ser.


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Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Cursa Especialização em Sexologia na FMABC. Possui formação em Coordenação de Grupos na Abordagem Fenomenológica Existencial pelo Fenô​ƩGrupos, em Saúde LGBTQIA+: Práticas de Cuidado Transdisciplinar pelo Instituto SaúDiversidade e é multiplicadora em Educação Para Sustentabilidade pelo Núcleo de Estudos Avançados do Terceiro Setor (Parceria PUC-SP e Secretaria do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo).  ​ Psicoterapeuta em consultório particular, onde realiza atendimentos individuais para adolescentes e adultos. Supervisora clínica. ​ É colaboradora bolsista do NTU-FAI, Núcleo Trans UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) - Famílias, Adolescências e Infâncias. O ambulatório é responsável pelo acompanhamento de crianças e adolescentes com variabilidade de gênero, além do acompanhamento de suas famílias. Foi colaboradora voluntária do AMTIGOS-NuFor-iPq-HCFMUSP - Ambulatório Transdisciplinar de Iden...

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